ALGARAVIAS de Waly Salomão

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sábado, 5 de março de 2011

Uma conversa sobre gêneros na escola - crônica


Pensemos na seguinte situação. Num determinado momento, numa determinada escola, um grupo de 20 travestis homossexuais masculinos fazem matrícula para estudar em turmas de Ensino Médio. Até aí, tirando algum tipo de preconceito que você já esteja criando em sua cabeça neste momento, nada de anormal. Mas um problema logo de cara se estabelece: que banheiro eles devem usar? Masculino ou feminino?

"Masculino, é claro, porque eles são HOMENS", você dirá. Mas não é tão simples assim. se o problema fosse só a anatomia, já estaria mais que resolvido, mas esse assunto exige um pouco mais de cuidado. Não são homens comuns, por isso mesmo não devem usar banheiros comuns de homens.

Vivemos e ainda teremos que viver, por um longo tempo, dentro de uma sociedade patriarcal e machista. Graças a Deus e ao desenvolvimento intelectual do ser humano, gradativamente isso tem mudado. O capitalismo mudou a estrutura de família e, com isso, os valores da sociedade e a estrutura desse primeiro núcleo social que temos contato: a nossa família.

A família não foi destruída por falta de valores. A família teve que se reinventar. Uma pessoa só não pode mais sustentar um grupo de 4, 5 ou mais pessoas. É preciso uma renda de 5 ou mais salários mínimos para tal proeza (e quantos ganham isso no Brasil?). Não sei, queria, mas não sei. Saber e o salário...

Não sou gay. Nem militante de causas a favor dos homossexuais. Vivo entre gays porque sou um ser social. Vivo em sociedade. Amigos gays, colegas de trabalho gays, alunos gays... Estão em toda parte, desde que o mundo é mundo. Não milito porque não há necessidade. Sei lidar com a diferença porque sempre entendo o mundo como um celeiro de diferenças. Só quem quer ser igual é que não enxerga. Preconceito e moda cegam.

Coloquemos os travestis junto com as meninas nos banheiros. Não há problema. Problema haveria se fossem colocados com os meninos (lembra do papo da sociedade machista, moralista... então). Meninas heterossexuais teriam curiosidade no início, creio eu. Nada mais natural. Mas ninguém oferece "risco" a ninguém. Não há atração física por razões óbvias: eles gostam de HOMENS.

Construir banheiro para eles? Isso é segregação. Isso é preconceito em sua forma mais clássica. Hoje teremos o banheiro para eles. Depois, pelos mesmos motivos, uma fileira de carteiras em sala, para eles. Amanhã, um horário de recreio só para eles.

Precisa falar o que vai acontecer depois?

Saibam conviver com as diferenças. O mundo de hoje mais do que precisa, exige isso de você.

(BAS - 05/03/2011)

2 comentários:

  1. Concordo plenamente contigo professor. Embora muitos preconceitos que as vezes sem querer criamos em nossas mentes, temos que aprender a conviver com os fatos e saber que o mundo de hoje nunca vai ser como o de ontem e nem o de ontem vai atender ao nosso modo de pensar.

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  2. É verdade Iuri, velhos preconceitos com novos atores. Infelizmente, nunca acaba...

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