Telemarketing e seu criador

Já que as imagens de demônios não afugentam mais nem as crianças, que os vampiros se tornaram charmosos e, por vezes, até vegetarianos, o capeta inventou uma maneira muito mais eficaz de nos irritar: o telemarketing.


Imagino o inferno com vários nichos de trabalho onde os auxiliares demoníacos, em frente aos seus computadores infernais, nos vendem e oferecem de tudo: título de capitalização, empréstimos, rifas, doações, reclamações, renovação de documentos.

Em um púlpito, no alto desta sala, o Sete-peles morre de rir, quase sempre.

Em uma minoria das vezes seu rosto se torna sério. Lembra então de tempos atrás, onde ainda havia “poesia” no inferno. As torturas físicas, a danação eterna, os gritos angustiados, as chibatadas e o arrastar de correntes. Mas isto não assusta mais ninguém.

Empreendedor e visionário, inventa o telemarketing. Fica feliz com o resultado, afinal, ele continua a incomodar. Porém, medo dele, não há mais.

Pensativo em sua mesa, quase dorme. Seu telefone toca. Não reconhece o número. Atende.

- Bom dia, senhor! Estou ligando para o senhor para divulgar uma promoção imperdível. Vou precisar “estar confirmando” algumas informações do senhor, tudo bem?

Ao ouvir aquilo, o Capeta esboça um sorriso. Ninguém está imune, nem ele. Esta é a maior de todas as pragas, um sucesso.

(B.A.S. – 09/01/2013)

GIP! GIP! NHECO! NHECO! de Ivan Lessa

País de origem: Brasil

Na década de 70, do século passado, o Brasil ainda vivia os horrores e as pressões decorrentes de uma ditadura militar truculenta, ignorante a serviço do capitalismo americano.

Uma das frases amplamente divulgadas pela ditadura militar como forma de “patriotismo”, em verdade “escondendo” uma ameaça direta: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Esta frase foi literalmente destruída por uma resposta de Ivan Lessa: “O último a sair apague a luz”.

Essa e outras pérolas, que segundo Ruy Castro “resumindo em uma linha o que os sociólogos e os cientistas políticos levariam volumes para dizer”, Ivan Lessa é “cirurgicamente” direto.

Anárquico e de um humor extremamente inteligente, somado ao traço original e expressivo de Redi, temos neste livro uma antologia de publicações semanais dele no também anárquico jornal “O Pasquim”.

Leitura obrigatória para que não esqueçamos que no Brasil já houve vida mais inteligente.

(B.A.S. – 13/01/2013)

VIVER COM FÉ de Cissa Guimarães e Patrícia Guimarães

País de origem: BRASIL

Livro baseado em programa de TV homônimo no canal fechado GNT. Antologia de algumas das boas histórias de fé apresentadas no programa de TV.

Sei que muitos talvez não tenham nem queiram ter fé. Estes “testemunhios” nada piegas reforçam a fé de quem já tem. Este livro não é para agnósticos e ateus. Este livro é para quem já descobriu a maior das verdades: sem fé em alguma coisa, o impossível sempre se apresenta.

Boa leitura. Que Deus os abençoe.

(B.A.S. – 03/01/2012)

PULMÃO DE AÇO de Eliana Zagui

Eliana Zagui está internada há quase 40 anos no Hospital das Clínicas de São Paulo. Eliana é uma das muitas vítimas do surto de poliomielite (paralisia infantil) que assolou nosso país nas décadas de 60 e 70. Mas o que há de tão especial na história de Eliana?


Pais de origem: BRASIL

A própria Eliana. Seu exemplo de perseverança e bom humor. Sua humanidade, seu desespero, sua vontade de morrer e viver. Sua sensibilidade, emocional e artística (ela é artista plástica). Seus dramas, amores, desilusões, conquistas e depressões.

Eliana, da sua cama na UTI do HC, revela valores e humanidade de um ser humano que nos dá aula sobre motivação.

Ela conservou uma inocência por conta de seu isolamento, que nós, que vivemos do “lado de fora”, infelizmente, não valorizamos e ignoramos.

A vida de Eliana revela nossa pequenez e grandeza do seu sorriso, sorriso de quem só espera da vida, mais e mais chances de ser feliz.

Muito obrigado Eliana.

(B.A.S. – 28/12/2012)