ALGARAVIAS de Waly Salomão

ALGARAVIAS de Waly Salomão
ALGARAVIAS de Waly Salomão

segunda-feira, 26 de julho de 2010

ASSASSINATOS NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS de Jô Soares


País de origem: BRASIL

Gosta de aventuras de detetives, recheadas de suspense e mistério? Gosta de histórias bem humoradas? Gosta de detalhes curiosos de nossa história recente, salpicados com um pouco de ficção competente? Pois então encontrou tudo isso e muito mais neste livro do já consagrado humorista e apresentador Jô Soares. Seu talento artístico sempre foi inegável. Mas na literatura, Jô, usa de sua cultura e erudição, sem ser pedante, e nos dá um banho de informações interessantes. Fora o seu humor, que transita do refinado à galhofa. Diversão e cultura garantida. (B.S.)

ARTE E CIÊNCIA DE ROUBAR GALINHA de João Ubaldo Ribeiro


País de origem: BRASIL

Coletânea de crônicas do mais despretencioso e talentoso dos imortais, (por isso mesmo ele se torna tão "mortal" como nós - daí a identificação fácil), onde o plano de fundo é sempre a ilha de Itaparica, que ganha ares surreais dada a excentricidade de seus habitantes e a grandiloquência bem humorada de suas histórias. Personagens hilários como Cuiúba, seu David, Zé de Honorina, Zé de Neco, bem como o próprio João Ubaldo, tornam a prosa de J.U.R., que já é ótima, maravilhosa. (B.S.)

Enquanto dormes

É tão bonita enquanto dormes...
Encolhe-se como um bebê .

Protege a cabeça com a manta,
provavelmente de maus sonhos.

Respira frouxo e baixo.
Ressona como se ronronasse.

Um sorriso neutro nos lábios,
boca que espera o beijo.

Corpo que aguarda despertar
Ou ser despertado,

Por outra boca
Enquanto dormes...

(B.A.S. - 16/07/2010)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Reflexo

Deus
Desuso
Displicente
Doente
Dislexo
Discrepante
Distúrbio
Disco voador
Débil
Dormente
Dúbio
Dantesco

És a minha
Imagem e semelhança.
Ainda?...

(B.A.S. – 14/12/2002)

V

Vou viver valendo vil ou
Valentemente com vontade.
Voltando e visando, vultos e
Vales, vivificando o valor.
Visível é o vestígio
Você verá...

(B.A.S. – 14/11/2002)

Mudança

Me corre um desespero e espero,
Esperar a esperança da mudança.
De hábitos, de conceitos, do jeito.
Mudar para se viver, sorver
E entender a vida
Ou simplesmente o mais complexo: amor.

Amor-sal, amor-cor e não amor-dor.
Esse não existe,
Mas resiste na dúvida.

(B.A.S. – 23/09/2003)

Dia sem sol

Hoje o dia nasceu sem sol.
As flores reclamaram sua força.
Os leões, sua preguiça.
O homem, sua esperança.

Hoje o dia nasceu sem sol.
E por tristeza, a Lua nem apareceu.
As estrelas, nem ousaram
E o planeta adormeceu triste.

Hoje o dia nasceu sem sol
Hoje o dia nasceu sem...
Hoje o dia nasceu?

(B.A.S. – 19/12/2002)

Como tu

Tal como o mais maravilhoso meio de transporte
Assim são os sonhos.

Tal como o mais inevitável risco de morte
Assim é a vida.

Tal como o mais inalcançável objeto de desejo
Assim são as metas.

Tal como o mais improvável acontecimento
Assim é a surpresa.

Tal como a mais implacável consciência
Assim é a morte.

Tal como o mais incontrolável desespero
Assim é a dor.

Tal como eu posso ser
Assim é você.

Tal como você pensa ser
Me diga: quem sou?

Metas de sonhos para uma vida
Na consciente surpresa de dor e morte.
Assim como tu...

(B.A.S. – 19/10/2004)

Café

Paro e penso
Na borra de café no fundo da xícara
- Café forte!
Amargo de fazer lembrar tristezas.

Melancólico pela louça lascada.
E para onde foi tal pedaço?
Talvez não gostasse de ser amargo
E petulante se rompeu...

Como lembranças tristes.
Pires manchados de outras bocas,
Batons, outras bebidas, azul-paris.
E apenas uma asa não faz voar.

Perigosa é a história
No relato mudo da lembrança.
Outras borras, outras línguas.
Saliva, colheres, insônia.

Café. Insônia homeopática
Que de apática, deixa a língua
Com o amargor do tempo.
Made in China, 1989.

E concluindo o pensamento
Da idéia que está a amargar,
Mais água ao “passá-lo”
Evitaria a reflexão
Que este preto faz evocar.

(B.A.S. – 19/10/2004)

Cadê

Paro em meio ao caos
Com o olhar desorientado.
E de maneira desajeitada
Peço ao tempo
Para ir em meu lugar.
Que eu já nem sei onde fica...

(B.A.S. - 2003)

Branco

Papel em branco
É angústia para idéias
Que estão à beira da realidade.

Roupa branca
Prepara a cerimônia séria
Daqueles corpos que buscam espiritualidade.

Cerca branca
São mais que eternas férias
Esperança de tranqüila e progressiva senilidade.

Passar em branco
É coisa complicada deverasÉ briga eterna do remorso com a responsabilidade

(B.A.S. – 19/10/2004)

Ânsia

O ar que falta
Que solto
Que imploro...

Respirar é mais que uma necessidade.
A única verdade
Que agora arde.

Como outrora...
E tanto faz:
De dentro para fora,
Ontem ou agora,
Sem porto ou cais.

(B.A.S. - 08/2003)

Amor Real

Espere agora
Pelo seu único momento,
Por um momento...

(B.A.S. - 2002)
Suave sentimento sentimental
Sublime sensação sensual
Sofrível, sorrateiro, sucinto.
Sagrado...
Somente o amor.

(B.A.S. – 19/11/2002)

TUDO QUE VOCÊ NÃO SOUBE de Fernanda Young


País de origem: BRASIL

Mulher de meia-idade decide escrever um livro de memórias em homenagem a seu pai, que está à beira da morte muito doente. Parece que você já viu essa história, não é mesmo? Mas eu garanto: essa personagem não tem nada de superficial e a sua criadora, F.Y., não tem nada de previsível. Tentativas de homicídio dentro da família, condenações e prisões, descoberta da sexualidade, sinestesias, achismos, preconceitos e traumas da classe média, má educação ou educação errada, paranóias, medos, críticas, cultura e quebra de paradigmas. Ou seja, não há lugar para a superficialidade. Os talentos de roteirista de TV de programas globais consagrados se revela em uma romancista promissora e perspicaz. Aproveite bem esta leitura de Fernanda Young, no que, aparentemente, é mais uma de suas especialidades. (B.S.)

O PLANALTO E A ESTEPE de Pepetela


País de origem: ANGOLA

História do nascimento, morte e ressurreição de um amor entre jovens de culturas extremamente diferentes. Sarangerel, natural da Mongólia, e Julio, natural de Angola, encontram-se na Moscou da década de 1960. Ambos, na condição de estudantes, ambicionam um mundo melhor, sob a óptica socialistra, e vão para a capital russa à procura de instrução e orientações para, então, multiplicarem o que aprenderam em seus países. Apesar dos ideais dos dois serem os mesmos, basta com que se apaixonem para que as suas diferenças culturais se acentuem. E com essa "ajudinha" do Partido, ambos se separam. pepetela, além de escrever sobre uma história de amorque não tem nada de tola e superficial, revela em seu texto toda a fragilidade e o preconceito instalado nas nações socialistas deste período. História com final feliz, mesmo se ndo (julgue você mesmo) tarde demais. (B.S.)

O IMAGINÁRIO COTIDIANO de Moacyr Scliar


País de origem: BRASIL

Partindo de uma idéia aparentemente inusitada, que acaba se revelando também muito boa, Scliar escreve cada um dos seus 85 contos presentes neste livro, a partir de manchetes reais de jornal (citando, inclusive, a fonte de cada uma delas). Tal experiência acaba criando um entre-lugar para o conto e a crônica. Um estranho e delicioso desconforto se instala no leitor, por não saber até que ponto a realidade influencia a ficção, ou a ficção influencia a realidade. Será o cotidiano, imaginário? Leia e descubra. (B.S.)

NOVAS SELETAS de João Cabral de Melo Neto


País de origem: BRASIL

Seleção dos melhores poemas de João Cabral de Melo Neto, organizado por Luiz Raul Machado. Leitura da maior qualidade de parte da obra de um dos maiores poetas brasileiros. João Cabral consegue um efeito único em seus versos: faz poesia (algo tão sublime, lírico, delicado ou simplesmente, sutil) com argumentos, temas e palavras concretas. Traz o lirismo da dureza da vida, do cotidiano simples e rústico. As notas que acompanham os poemas neste livro (de L. R. Machado) não tem a intenção de "explicar" o poema, mas sim de nos deixar mais "a vontade". (B.S.)